Os transtornos psiquiátricos são frequentemente resultado de uma combinação complexa de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Eles têm sua origem no sistema nervoso e podem afetar indivíduos de todas as idades, gêneros e etnias (1,3,5,6).
De acordo com dados recentes da OMS, o Brasil possui a maior prevalência de transtornos de ansiedade, afetando cerca de 9,3% da população, e está entre os cinco países com maior índice de depressão, com 5,8% da população afetada. Pacientes com transtornos psiquiátricos estão em alto risco de desenvolver problemas de saúde bucal, como a Síndrome do Envelhecimento Precoce Bucal (SEPB), devido a vários fatores, incluindo o hábito de bruxismo noturno e em vigília (durante o dia), alterações salivares causadas por reações fisiológicas e medicamentos, distúrbios do sono, presença de ácido gástrico na boca devido à doença ou episódios isolados de refluxo gastroesofágico ou vômitos autoinduzidos, e alterações alimentares restritivas ou compulsivas (2,4,7,8,9).
O papel do cirurgião dentista em relação aos transtornos psiquiátricos abrange três áreas distintas. Primeiro, ele deve estar apto a auxiliar no diagnóstico, reconhecendo os principais sinais e sintomas desses transtornos. Em segundo lugar, é importante que o profissional atue na prevenção de problemas bucais em pacientes já diagnosticados com transtornos psiquiátricos. Por fim, o cirurgião dentista deve tratar os problemas bucais existentes em pacientes que apresentam esses transtornos(10).
O aumento da prevalência dos transtornos psiquiátricos na população é resultado de diversos fatores, como o ambiente estressante, a vida acelerada, as cobranças pessoais e familiares, dificuldades financeiras e sociais, entre outros. Como promotores da saúde, os cirurgiões dentistas devem ser capazes de identificar os possíveis sinais clínicos e bucais dos transtornos psiquiátricos, encaminhando os pacientes para profissionais especializados quando necessário. É importante ressaltar que pacientes com esses transtornos são considerados grupos de risco para a síndrome do envelhecimento bucal precoce e, portanto, devem ser acompanhados por uma equipe multiprofissional (10).
Referências:
(1) Stoyanov DM, M.H.J. How to construct neuroscience-informed psychiatric classification? Towards nomothetic networks psychiatry. World Journal of Psychiatry. 2021;11(1):1-12.
(2) Ciobica A, Padurariu M, Curpan A, Antioch I, Chirita R, Stefanescu C, et al. Minireview on the Connections Between the Neuropsyquiatric and Dental Disorders: Current Perspectives and the Possible Relevance of Oxidative Stress and Other Factors. Oxid Med Cell Longev. 2020;2020:6702314.
(3) Organization WH. Depression and Other Common Mental Disorder: Global Health Estimates. In: Organization WH, editor. Geneva 2017.
(4) Shah KSVO-R E, Fan K. Patients with psychiatric disorders: What the general dental practitioner needs to know. Primary Dental Journal. 2017;6(3):30-4.
(5) Organization WH. Mental Health: New Understanding, New Hope. In: Organization WH, editor. Geneva 2001.
(6) Steel Z, Marnane C, Iranpour C, Chey T, Jackson JW, Patel V, et al. The Global prevalence of common Mental Disorders: a systematic review and meta-analysis 1980-2013. Int J Epidemiol. 2014;43(2):476-93.
(7)Stepovic M, Stajic D, Rajkovic Z, Maricic M, Sekulic M. Barriers Affecting the Oral Health of People Diagnosed with Depression: A Systematic Review. Zdr Varst. 2020; 59(4):273-80
(8) Manfredini D, Lobbezoo F. Role of psychological factors in the etiology of bruxism. J Orofac Pain. 2009;23(2):153-66
(9) Cockburn N, Pradhan A, Taing MW, Kisely S, Ford PJ. Oral health impacts of medications used to the treat mental illness. J Affect Disord. 2017;223:184-93
(10) Soares PV; Zeola LF; Wobido A; Machado AC e Cols. Livro Síndrome do Envelhecimento Precoce Bucal, 1.ed. Cap.3: 184- 218, São Paulo: Santos Pub, 2023.